sábado, 4 de dezembro de 2010

Fragmentos de um instante de felicidade...

Um abraço!

Há mais de um mês que venho me sentindo sensível aos instantes preciosos de felicidade.
Aqueles que nos fazem suspirar doce, suspirar de alegria. Aqueles que viram nossos olhos e disparam nossos corações. Aqueles especialmente raros...
São instantes, são preciosos porque eu não acredito na felicidade como sendo estanque, do tipo 'Ou somos felizes ou não somos'. Não vejo as coisas dessa forma.
Penso que a felicidade aparece em alguns instantes, pequenos ou não, rápidos ou não. Mas ela aparece. E podemos também, dar uma forcinha, rearranjar as contingências, desarranjar também, para que ela seja mais frequente, mais presente, mais convidada a aparecer. 
Concordo com Mário Quintana quando ele diz que:
"Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade."

É simples, é gostoso e envolvente.

Ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade.
Carlos Drummond de Andrade
Num minuto você está escutando aquela pessoa que pra você é muito importante dizer de como ela se lembra de você na sua infância.
Logo depois você entra no carro e pega um enorme engarrafamento. Lá se foi a felicidade, certo?

Não se você fizer com que ela seja mais duradoura. Fotografe esse momento com os olhos e com o coração.
Dê importância a esses pequenos momentos. Eles serão (quase) eternos!
Num instante você olha pra calçada e vê a cena: Uma moça que recebe um embrulho dos correios. Joga o embrulho pra cima, exibe um sorriso iluminador e dá um pulo de felicidade. Único!!
Você senta despretensiosamente ao lado daquele tio carinhoso. No instante seguinte ele está cantando pra você, dentre as outras tantas, só pra você. São músicas que marcaram a vida de vocês dois e de outros anjos que já não estão mais aqui para cantar conosco. Único!!
Aí você está conversando com uma pessoa de pouca intimidade. Uma conversa sóbria. Aí as duas cometem um deslize. E uma longa gargalhada surge! Único!!
Você chega quase atrasada, pensando: Onde vou estacionar? E AQUELA vaga aparece bem onde você gostaria. Ao descer do carro você ouve o seu nome sendo pronunciado por uma pessoa bacana que você não via há tempos! Único!!
Um pouco de Clarice Lispector, que tem sido a minha companheira nessas últimas semanas:  
"A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas."

Aproveite esses momentos, raros e especiais!
Felicidade se encontra em momentos de descuido!
Isso faz com que eles não passem. Fotografe com carinho, com os olhos, com a emoção.

Estou feliz por dividir isso!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Ficar sem...

Como é possível ficar sem?
Ficar sem você?
Sem sua voz?
Sem a chuva, sem o sol?
Sem o ar, sem o alimento?
Ficar sem o cheiro, sem o toque?

Sem o abraço, sem o chamado, sem o prazer?
Ficar sem o dia, sem a noite?
Sem o branco ou sem o preto. Sem o sim ou sem o não.
Sem o chegar ou o sair.
Sem o acorde, sem o tom.
Sem a chegada ou a saída.
Como é possível ficar sem doce, sem graça, sem gosto?

Ficar sem é ficar com a ausência.

O que dói.

Não sei quando vou aprender a suportar essa ausência.

TELAS PROJETIVAS

A tela é a mesma. 
Velha conhecida.
Sempre a mesma.
A mudança ocorre, 
quando ocorre, 
no que é projetado nela.
A escolha é minha?
O que escolho para projetar nessa tela?
É comédia?
É drama?
Terror?
Suspense?
Ficção??
E eu gosto do que projeto?
Sei que posso mudar o que é projetado. 
Eu quero? Eu sei?
Quais são as minhas telas projetivas? E as suas?

Chorando no Campo
Lobão


A chuva cai chorando
E o meu amor vai e vem
No céu, no chão
A rede vai e vai levando...
A noite além da noite
Me faz lembrar o que eu não vivi
Toda essa história esse segredo
Memórias num vendaval...
Pela estrada enquanto eu passo
O cinema é só ilusão
Vou chorando pelo campo
No meio do temporal...
A chuva dá saudades
De um lugar que eu nunca fui
E o vento vai soprando
Um choro tão, distante
Pela estrada enquanto eu passo
O cinema é só ilusão
Vou chorando pelo campo
No meio do temporal.
Deste temporal...

sábado, 23 de outubro de 2010

Uma excelente campanha!

Recebi um tweet me convidando para fazer parte dessa campanha:

#paznastorcidas

Paz nas torcidas!!


Ao me informar sobre o era, do que se tratava, percebi que é uma excelente campanha!!
Combate às mortes ligadas a gangs, torcidas organizadas.
Sendo assim, penso que onde quer que seja, podemos usar a internet para propagar a paz!
Que essa seja mais uma campanha do bem, que nos transmite uma sensação boa e que assim, possamos passar essa sensação a diante.
Para saber mais sobre a campanha e sobre a Andréa Destefani, que me convidou, acesse o blog dela (Coisas da Vida

#EuApóio!


Mudança de hábito!

Assisti ontem um filme (Candy - Sinopse) que mexeu particularmente comigo.
Porque é tão difícil mudar de hábitos?
Porque é tão difícil livrar-se de vícios?
Vícios de todos os tipos, antigas regras, por exemplo?

Ao pesquisarmos na internet, 
veremos várias dicas e até truques que nos ensinam a alterar hábitos.
É simples assim?
Talvez seja simples, difícil e complexo ao mesmo tempo.
Mas, em alguns momentos, não complicamos ainda mais?
...

“Transforme as pedras que você tropeça nas pedras de sua escada.” 
SÓCRATES.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Ric, o moço solitário e as regras

Ric. Era assim que seus vizinhos e familiares o chamavam. Apelido de infância. Abreviação de Ricardo Emanuel Neto.
Era um rapaz novo, reservado, não gostava de dar trabalho pra ninguém. Fazia questão de não chamar atenção, de ser silencioso em casa e de ser prestativo quando era solicitado. Não pedia favores, não pedia opiniões e nem informações. Afirmava com frequência que, mesmo não sabendo, ele tinha que se virar. E completava:
- Já saí de casa. Tenho que dar conta de tudo sozinho, não devo amolar ninguém.
Morava sozinho no andar de cima de uma padaria, no centro de uma cidade do interior de Minas Gerais. Longe da Capital, Belo Horizonte.
Tinha uma vida regrada. Da casa para o trabalho, do trabalho pra faculdade, da faculdade pra casa. Saía de casa muito cedo. Já às 4:30 da manhã estava debaixo do chuveiro.
- Uma chuveirada quase fria pra acordar, mesmo no inverno. Essa é minha receita pra dar conta do batidão!, dizia Ric sempre que era indagado sobre sua rotina, ou sobre como dava conta daquela vida.
Não tomava café. Precisava sair logo de casa, pontualmente às 5:00. Andava uns 30 minutos até chegar no ponto onde a condução da empresa o pegava todas as manhãs, de segunda à sexta.
Ric trabalhava numa fábrica de pirulitos, numa cidade vizinha. O acesso era dificultado pela péssima condição da estrada. Chegava na fábrica por volta das 6:30, 6:40. Era chefe da logística. Fora indicado pra essa função por um primo, o Alisson, que trabalhava na produção. Por ocupar este cargo de confiança, precisava chegar cedo na fábrica. Antes das 7, antes dos caminhões serem abastecidos e antes mesmo de saírem da fábrica. Ric acompanhava tudo.
Só depois tomava seu café da manhã.
O seu expediente terminava às 17:30. A condução o levava de volta até a cidade onde cursava seu segundo curso superior: tecnólogo em logística. Seu primeiro curso foi em Administração. Ele considerava que um bom administrador precisava ter outro curso superior.
Ao chegar à faculdade já próximo das 19hs, raras as vezes ele tinha tempo de tirar uma cópia, falar com um professor, ou fazer qualquer outra coisa. Precisava ir direto pra sala de aula. Ric tinha aulas na faculdade todos os dias. Aos sábados ele fazia estágio online, numa empresa de chocolates do Rio Grande do Sul.
Suas aulas terminavam às 10:40.
Da faculdade para casa, ele ia à pé, conversando com os colegas que seguiam na mesma direção. Se apressava para voltar pra casa, para tomar banho, para fazer algum trabalho, ler algum texto, comer alguma coisa e se render ao sono e ao cansaço. Isso já por volta da meia noite, uma hora da manhã.
Às 4:30 da manhã ele já tinha compromisso marcado com a chuveirada quase fria.
Sábado e feriado ele quase não via passar. Tava sempre às voltas com trabalhos da faculdade ou do serviço, estágio online, cuidados com a casa, roupas pra lavar, compras pra fazer. Sempre tinha alguma coisa pra fazer.
Domingo ele se dedicava mais às notícias e ao esporte na TV. Parava com tudo pontualmente às 18hs. Missa às 19 na Matriz. Não faltava uma. Tomava banho, se arrumava com a veste que os mineiros chamavam de “missa nova”. Era quase a melhor roupa do guarda-roupa, usada para ir à missa. Tradição mineira mantida nas cidades do interior e nos bairros tradicionais de Belo Horizonte.
O dono da padaria, seu Jorginho, sempre perguntava por ele ao vizinho da frente.
- Tarcísio, tem visto o Ric? Rapaz sumido esse. Nunca mais apareceu nem pra comprar o sonho ou o queijo que ele tanto gosta. Passa sempre correndo, quando passa.
- Rapaz... ele é assim, né? Sumido mesmo esse menino. Moço bom, tá sempre na missa. A gente troca uns dedin de prosa por lá. Mas ele sempre vem em disparada pra casa.
- Hoje vou ficar de olho. Quem sabe ele passa.
- Se ele passar, fala com ele pra pegar as ferramentas do carro dele comigo. Esses dias, ..., esses dias nada. Lá vai pra mais de mês que ele me emprestou as ferramentas do carro dele preu poder trocar o pneu furado do carro da Dona Euci. Troquei e nunca mais tive com ele. Preciso devolver. Vai que ele precisa...
- Falo sim. Dona Euci mudou daqui?
- Mudou. Faz 2 meses amanhã. Sua filha voltou?
- Não. Volta no final do ano. Vou acompanhar a fornada. Boa tarde, seu Tarcísio.
- Tarde, seu Jorginho.
Ric tinha mesmo um carro. Comprou facilitado. O gerente da fábrica precisava vender por questões do inventário da sua sogra, Dona Alzira. Morreu dormindo. Vendeu barato e Ric pagou em 12 prestações. O carro estava velho, mas bem cuidado.
Em Minas se dizia que era um negoção comprar carro de único dono e sendo este uma mulher. O dito popular afirmava que as mulheres eram mais cuidadosas com seus pertences. Neste caso, isso se confirmava.
Como Ric ia de condução para empresa, da empresa pra faculdade e da faculdade pra casa ele voltava a pé, o carro era usado pouco, só mesmo pra ir à missa, ao mercado e em outra cidade vizinha.
Neste dia, seu Jorginho ficou de olhos bem abertos, mas não viu Ric voltar da faculdade.
Ric tinha ficado até mais tarde conversando com seu professor e orientador sobre as questões da fábrica de pirulitos. Por ser uma empresa familiar, presidida, dirigida e gerenciada pela família, ele via que algumas regras estavam sendo mantidas, mesmo não funcionando bem ou não funcionando. Tomou algumas dicas com o professor, não quis tomar seu tempo e tomou rumo de casa.
Chegou já com a padaria fechada. Quase não via ninguém na rua no trajeto para casa.
- Cidade de interior dorme cedo., pensava.
Ao chegar em casa, foi pro banho, como de costume. Tomando banho e pensando:
- Depois do banho vou cozinhar aquela carne moída com batata. Antes que perca. Amanhã tenho que falar com a Dalva da expedição. Não posso esquecer. Nossa, que dia! Tenho que fazer a pesquisa do Álvaro. Esse professor é osso duro.
Saiu do banho e já ouviu seu telefone tocando. Correu pra atender, mas desligaram.
Ficou por ali esperando que, quem ligou, ligasse novamente. Minutos depois o telefone tocou.
- Alô, Ric?
- Sim, quem fala?
- Ric, é Mandinha. Tudo bem?
- Manda! Quanto tempo. Nem reconheci sua voz. Tudo bem comigo e vocês aí?
- Tudo bem. Ric, desculpa a hora, mas estou te ligando para confirmar o jantar amanhã. Tá lembrado né?
Ric não se lembrava. Amanda, ou Manda como ele a chamava, era sua amiga de faculdade, que precisou trancar pra se dedicar ao casamento. Ric seria padrinho e Manda tinha marcado esse jantar para reunir os padrinhos e distribuir lembrancinhas e convites exclusivos de cada um.
- Manda, desculpa. Não estava me lembrando, mas não por descaso. Acredite. Tá lembrado, tá confirmado e estarei aí. Que horas, mesmo?
- Marquei pras 21hs, mas sei da sua faculdade.
Ric não gostaria de faltar aula, nem tão pouco de faltar ao jantar. Que sinuca.
- Chego aí o mais cedo possível, tá, Manda? O Pastor vai?
- Ainda não falei com ele. Mas acho que vem sim. Então, até amanhã. Beijos!
- Beijos e fique com Deus. Até amanhã.
Ric segue com seu pensamento:
- Pronto. Mais essa agora. Mas acho que dá pra encaixar tudo. Vou de carro trabalhar, venho mais cedo, vou direto pra faculdade, saio mais cedo e sigo direto pra Tibóia.
Tibóia, que ficava há 20 minutos de sua cidade, era onde a Manda morava e onde seria o jantar. Ric estava ansioso.
No dia seguinte ele acordou um pouco mais tarde e, pontualmente às 7hs estava na fábrica inspecionando os caminhões e mercadorias. Já fazia tudo conversando com a Dalva da expedição. Na hora do almoço adiantou o trabalho da matéria do Álvaro, seu professor. Tudo ia seguindo seu curso normal, sem imprevistos nem contratempos.
Foi pra faculdade e conseguiu chegar bem antes da aula. Terminou o trabalho e dirigiu-se pra sala dos professores onde ficou sabendo que haveria, nas duas aulas, uma vídeo-conferência com uma empresa de São Paulo. Era um rico exemplo de logística.
Ric pensou que seria então uma boa oportunidade para sair na hora do intervalo sem atrapalhar nada, nem ninguém.
Assim fez. Assistiu atentamente a aula, fez anotações pertinentes e, na hora do intervalo seguiu para o jantar.
Mal pegou a pequena e estreita estrada para Tibóia, Ric sentiu uma diferença estranha na direção de seu carro. Resolveu parar. Abriu o porta-malas, pegou a lanterna e foi verificar o que havia de errado no carro.
Ele não podia acreditar.
Um pneu furado. Justo o mais novo dos quatro. Neste momento ele se tocou: não tenho as ferramentas para trocar esse pneu.
- E agora??? Eu aqui no meio do nada, tudo escuro, com o pneu furado? Vou ligar pra alguém. Quem sabe o Pastor me ajuda?
No sinal – Era a sutil mensagem em seu celular.
- Sem sinal?? Ah, não!!
...
Algum tempo depois de pensar em algumas estratégias dentro do carro, Ric avista um ponto de luz longe, muito longe.
- Quem sabe eu não vou até lá? Vou lá, caminho até lá e vejo se alguém pode me ajudar. Vejo se alguém tem um macaco pra me emprestar e também uma chave de roda. Aí venho aqui, troco, e vou lá e devolvo.
Ric então decide encostar o carro, fechar tudo e ir lá. Pega a lanterna, seus pertences que estavam no carro e segue em destino àquela luz. E continua pensando:
- Chego lá e me apresento. Todos me conhecem por essas bandas por causa da fábrica. Acho que não vou ter problemas. Se bem que, eu me assustaria e não gostaria de receber a visita de um estranho uma hora dessa, me pedindo um macaco e uma chave de sei lá o que. Mas eu não tenho aparência assustadora, mas isso também não quer dizer nada. Ah, sei lá. Chego lá e falo o que eu preciso, se o cara não tiver ou não quiser me emprestar, eu volto. E se ele não tiver carro, nunca ouviu falar em macaco, ou se ofender? E se for uma mulher, seus filhos chorando de fome, esperando pelo pai que saiu pra plantação e não voltou ainda? E se for um esconderijo de seqüestradores? A gente vê cada coisa na televisão, né? E se for um casal, escondido? Não sei, não sei.
Ric tropeça no caminho em um tronco grosso.
- Será que isso é um sinal pra que eu não prossiga? É sempre assim. Os sinais aparecem e a gente nem se dá conta. Ah, vai saber. Sei que vou chegar lá, bem tranquilo, me identificar, falar sobre o ocorrido, pedir o que preciso e sair. Se eles puderem me ajudar, bem. Se não, volto. Mas e se eu for xingado? E se o cara engrossar e se ele quiser me matar? Pode ser um cara bem grosso, desses turrões, que vai querer brigar, vai me insultar, vai dizer que tem tudo o que preciso e que não vai me emprestar nada.
Ric estava a poucos passos da casa. Já percebia que era uma casa simples, aparentemente de 2 cômodos, com uma luz acesa e com a TV ligada. Tinha um trator ao lado da casa. Vozes de homem e crianças.
Nessas alturas ele já estava cansado, tenso e bem nervoso.
- Eu digo poucas e boas pra ele e saio de lá. Não preciso de ninguém. Me viro sozinho. Sempre fiz assim. Saí de casa, não saí? Tenho que dar conta sozinho. E não é nenhum grosso, estúpido, roceiro que vai me derrubar. Não mesmo! Devolvo na mesma moeda.
Ric bateu forte na porta.
Lá de dentro seu ouviu:
- Fia, tem alguém na porta. Tá esperando alguém?
- Não.
- Vô olhá.
O senhor de idade abriu a porta com uma cara mansa e curiosa.
- Pois não?
- Não, né? Respondeu Ric, com tom bravo e agressivo. E continuou: Não preciso mesmo! Quer saber? Não quero e não preciso. Fique você com sua vida, seu trator, seu macaco e sua chave! Não preciso. Deixa que me viro sozinho! Nem sabe do que se trata e já negou? É mesmo um absurdo! Volte pra sua vidinha horrível. Não, pois. Não preciso. Tchau. Tchau! T-ch-auuu!
O Senhor sem entender nada:
- Tchau.
- Quem era, bem?
- Sei não, Fia. Um moço jovem, sujo, nervoso e, parece, meio lelé da cuca.
- Deixa o moço, bem.
Ric voltou para o carro num pé só. A pressa era tamanha que chegou mais rápido do que foi. Chegou mais bravo e sujo do que saiu.
E sem as ferramentas para trocar o pneu.
Resolveu andar o restante da estrada a pé. Afinal, faltavam só 3Km. Lá na casa da Manda alguém o ajudaria, sem dúvida.
Ao chegar lá, Ric não soube explicar o que acontecera.
- De fato? Só sei que o pneu furou. Só.

Texto: Andréa Viana

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Quais são as suas cinco palavras favoritas?

Hoje, depois de paquerar por dias, assisti o filme Mary And Max!
Tocante, no mínimo!
Segue uma descrição do filme. (Fonte do Trailer)

Uma história de amizade entre duas pessoas muito diferentes: Mary Daisy Dinkle, uma menina gordinha e solitária, de oito anos, que vive nos subúrbios de Melbourne, e  Max Jerry Horowitz, um homem de 44 anos, obeso e judeu que vive com Síndrome de Asperger no caos de Nova York. Alcançando 20 anos e 2 continentes, a amizade de Mary e Max sobrevive muito além dos altos e baixos da vida. Mary e Max é viagem que explora a amizade, o autismo, o alcoolismo, de onde vêm os bebês, a obesidade, a cleptomania, a diferença sexual, a confiança, diferenças religiosas e muito mais. Dos criadores do vencedor do Oscar de curta de animação Harvie Krumpet.




Alguns, vários, pensamentos estão rodeando a minha cabeça...

É possível reconhecermos uma síndrome como esta? 
Sou uma pessoa cheia de amigos como os Noblets? 
O que é ser cheia de amigos?
Eu sei sorrir? 
Sei ouvir? 
Sei abraçar?




Quando foi a última vez que escrevi uma carta? 
Quando foi a última vez que postei uma carta?
Além dessas perguntas, outras estão me compondo. Principalmente depois de ter assistido COMER, REZAR E AMAR e depois de assistir MARY AND MAX, fico me perguntando: Quais são as minhas palavras? A que me resume? Significa? As que eu não gosto? As que adoro?


quarta-feira, 15 de setembro de 2010


Preparando a alma

"Ernet Hemingway, o autor do clássico “O velho e o mar”, misturava momentos de dura atividade física com períodos de inatividade total.
Antes de sentar-se para escrever as páginas de um novo romance, passava horas descascando laranjas e olhando o fogo.
Certa manhã, um repórter notou este estranho hábito.
- Você não acha que está perdendo tempo?, perguntou o repórter. Você que é tão famoso, não devia fazer coisas mais importantes?
- Estou preparando a minha alma para escrever, como um pescador prepara seu material antes de sair ao mar, respondeu Hemingway. Se ele não fizer isto, e achar que só o peixe é importante, jamais irá conseguir coisa alguma."


Paulo Coelho
(Autoria do texto não confirmada)

sábado, 11 de setembro de 2010

Radical é chic?

Há muito tempo atrás, nem preciso precisar quanto, eu tinha o gostoso hábito de folhear e ler revistas. Me lembro de ter contato com algumas revistas boas, como Isto É, Veja, Super Interessante, e outras como Capricho (era o máximo!!!).
Hoje me limito (não me orgulho disso) em ler ou só folhear Pro Teste (SUPER indico!) e Viver. Adoro essas revistas. Mas não tenho assim, por costume, procurar revistas em bancas de jornal, por exemplo.
Nesse citado 'muito tempo atrás', me lembro que a última página, antes da terceira capa, éramos presenteados com a Radical Chic. Uma mulher de opinião forte, de 'personalidade marcante', de humor refinado e com ideias muito avançadas pra época. Pelo menos, essa era a minha impressão.
Nesta semana fui surpreendida com um email com frases célebres dessa inesquecível "Garoota"!
Vim dividir isso!



A genialidade de Miguel Paiva nas palavras da personagem "RADICAL CHIC" criada por ele.
 

“Certas dietas são simples. É só cortar açúcar, frituras, massas, molhos, bebidas alcoólicas, pães, biscoitos e os pulsos.”

“Que me despreze, me maltrate, me agrida, tudo bem. Mas não falar de mim nem pro analista, é demais.”

“Dizem que estou ficando amarga, enjoada, ácida, sem graça. Não é verdade. É só colocar limão, adoçante, sexo, gelo, brilhantes e mexer gostoso, que eu fico maravilhosa!”


“Adoro quando os feirantes, os porteiros e os pedreiros do meu bairro me chamam de gostosa. É a comunidade solidária!”


“Paulo era lindo, sensível, carinhoso, engraçado, elegante, delicado, gostoso, honesto, companheiro, discreto... e gay.”

“E aí a gente vai sair daqui, vai para um motel, aí vai transar, aí vai querer de novo, aí eu me apaixono, aí você vai dizer que não quer compromisso, aí eu vou achar você um babaca, aí a gente vai brigar, aí eu vou te odiar... Tem certeza de que ainda quer saber o meu nome?”

“Sexo seguro, pra mim, é transar com o melhor amigo.”

“Faço dieta americana, uso produtos franceses, malho com um personal neozelandês, faço localizada com uma russa, e não adianta. Não consigo diminuir essa bunda brasileira.”

“Terminei com o Betão. A gente se entendia superlegal, gostava das mesmas coisas, tinha tesão um no outro, se tratava com carinho, detestava o cinema iraniano... mas faltava conflito, entende?” 

"Faço meditação, aeróbica, judô, musculação. Jogo xadrez, vídeo game, King e batalha-naval. Estudo antropologia, física quântica, matemática e arqueologia. Escalo montanhas, faço vôo livre, salto de pára-quedas. Leio, escrevo, toco piano, pinto e bordo. Ufa!!!!! O que a gente não faz  para  compensar a falta de sexo gostoso.”

“Casamento é loteria. Agora, me responda, com sinceridade: quantas vezes você já ganhou na loteria?”

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Sensibilidade alta: Isso é bom ou ruim?


Tenho tido motivos para me questionar e para ser questionada sobre esse tema:
Sensibilidade alta: Isso é bom ou ruim?


É sensibilidade demais ou na medida?
Em alguns momentos vejo que a sensibilidade desenvolvida, a observação apurada nos possibilita boas colocações e bons pontos de vista.
Em outros momentos vejo que essa mesma capacidade de observar além do que está no primeiro plano, ser sensível para ver o que está por trás do aparente, por trás do sintoma, na raiz do que se vê pode não ser ASSIM tão bom. Percebo que, sensível demais, me irrito ou frustro com maior probabilidade.
Podemos então traçar uma comparação? Quanto mais sensível mais suscetível à frustração, à cobrança, à irritação?


Pensando... vendo...

E você? O que acha?


Sensibilidade demais
Por Martha Medeiros

Na hora de listar as qualidades que a gente quer encontrar nas pessoas com quem iremos nos relacionar vida afora, está lá a indefectível “sensibilidade”.
A gente quer que o patrão seja sensível e não um grosso. A gente quer que nossa amiga seja sensível e não um trator. A gente quer - e como quer! - que nosso namorado seja sensível e não um machista brucutu.
Encontrar sensibilidade nos outros é meio-caminho andado para o entendimento. E sermos, nós mesmos, sensíveis, também é um filtro bem-vindo, é a sensibilidade que permite nossa comoção diante de um quadro, de uma música, de um amor que nos arrebata ou de uma perda irreversível.
Mas admito que sinto uma certa inveja daquelas pessoas que são sensíveis mas não se tornam vítimas da própria emoção. Porque sensibilidade demais esgota a gente.Tem horas em que o filtro não filtra coisa nenhuma: permite que a gente seja atingido profundamente por coisas que mereceriam menos entrega. Cultivamos mágoas por coisas que nos aconteceram 15 anos atrás, remoemos culpas que já foram mais que perdoadas e esquecidas, temos nosso sistema nervoso totalmente abalado porque alguém compreendeu mal nossas palavras, sofremos por questões insolúveis, sofremos, sofremos, e sofrer dá uma senhora consistência à nossa vida, mas como cansa.
Às vezes me farto dos ideais que persigo e que, por serem ideais, nunca se concretizarão plenamente. A vida é defeituosa, imprevisível, nada é exatamente como a gente gostaria que fosse - e sensibilidade é algo que faz a gente aceitar isso e ser feliz do mesmo jeito. Já sensibilidade demais dá nos nervos e fatiga à toa. Uma certa frieza nos faz andar mais rápido, não nos retém.
Como se mede, se pesa, se percebe a sensibilidade suficiente e a sensibilidade excessiva? No quanto ela joga a nosso favor ou contra. Sensibilidade suficiente refina você, lhe dá um foco na vida. Já a sensibilidade excessiva faz de você protagonista de um dramalhão mexicano. Temos escolha? Não se escolhe, é o que se é. Os que são sensíveis na medida aproveitam a vida sem duras cobranças internas. Já a turma dos excessivos pega canetas, câmeras, pincéis, sapatilhas, instrumentos, e transforma o excesso em arte. Ou faz besteiras. Cada um encontra onde colocar sua sensibilidade, uns com leveza, outros com fartão de si mesmos. Os únicos que seguem não entendendo nada são os insensíveis.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Problema x foco x solução?


Muito, mas muito tempo mesmo sem aparecer por aqui.

Tenho sentido a necessidade e a vontade de escrever o que penso e o que sinto, além do que vejo.

Ora sobre casos clínicos, ora sobre sentimentos, pensamentos...

Hoje recebi esse texto abaixo por email. Fiquei me questionando se a verdade para ali, onde o texto afirma.

Será que deveríamos mesmo cortar os pés de nossos problemas ou deveríamos tentar mesmo resolve-los?

Será que, para resolver um problema, é necessário ver além da coisa vista, ou ficamos criando problemas quando nos comportamos assim?

Penso que não é tão simples quanto cortar os pés da cama. Se levarmos a discussão para as vias de o que instalou e o que manteve, nossa conversa vai longe.

E você? O que pensa a respeito?



PROBLEMA x FOCO



Um paciente vai num consultório psicológico e diz pro doutor:
- Toda vez que estou na cama, acho que tem alguém embaixo. Aí eu vou embaixo da cama e acho que tem alguém em cima. Pra baixo, pra cima, pra baixo, pra cima. Estou ficando maluco!
- Deixe-me tratar de você durante dois anos. Diz o psicólogo. - Venha três vezes por semana, e eu curo este problema.
- E quanto o senhor cobra? - pergunta o paciente.
- 120 reais por sessão - responde o psicólogo.
- Bem, eu vou pensar - conclui o sujeito.
Passados seis meses, eles se encontram na rua.
- Por que você não me procurou mais? pergunta o psicólogo.
- A 120 reais a consulta, três vezes por semana, dois anos, ia ficar caro demais, ai um sujeito num bar me curou por 10 reais.
- Ah é? Como? pergunta o psicólogo.
O sujeito responde:
- Por 10 reais ele cortou os pés da cama.

Muitas vezes o problema é sério, mas a solução pode ser muito simples!

HÁ GRANDE DIFERENÇA ENTRE FOCO NO PROBLEMA E FOCO NA SOLUÇÃO!

Quer obter sucesso? Foque uma solução ao invés de ficar pensando no problema
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