terça-feira, 25 de março de 2014

Ser ou Não ser? Eis a imperfeição!

Estive observando e refletindo sobre essa necessidade individual e coletiva de ser perfeita. De termos o momento perfeito. O comentário perfeito. A foto perfeita, e, principalmente, o ser perfeito!
Assim como algumas coisas que a gente não explica, recebo esse email de uma pessoa querida.
Compartilhando! Vamos pensar sobre?

Foto: Site

PERMITA-SE SER IMPERFEITA

(Texto na Revista do Jornal O Globo)

'Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se você quer saber se isso é possível, me ofereço como piloto de testes. Sou a Miss Imperfeita, muito prazer. A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou: trabalho todos os dias, ganho minha grana, vou ao supermercado, decido o cardápio das refeições, cuido dos filhos, telefono sempre para minha mãe, procuro minhas amigas, namoro, viajo, vou ao cinema, pago minhas contas, respondo a toneladas de e mails, faço revisões no dentista, mamografia, caminho meia hora diariamente, compro flores para casa, providencio os consertos domésticos e ainda faço as unhas e depilação!
     E, entre uma coisa e outra, leio livros.
     Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic.
     Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que operam milagres.
     Primeiro: a dizer NÃO.
     Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO.
     Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois inclua na sua lista a Culpa Zero.
     Quando você nasceu, nenhum profeta adentrou a sala da maternidade e lhe apontou o dedo dizendo que a partir daquele momento você seria modelo para os outros.
     Seu pai e sua mãe, acredite, não tiveram essa expectativa: tudo o que desejaram é que você não chorasse muito durante as madrugadas e mamasse direitinho.
     Você não é Nossa Senhora.
     Você é, humildemente, uma mulher.
     E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é topar qualquer
projeto por dinheiro, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável. É ter tempo.
     Tempo para fazer nada.
     Tempo para fazer tudo.
     Tempo para dançar sozinha na sala.
     Tempo para bisbilhotar uma loja de discos.
     Tempo para sumir dois dias com seu amor.
     Três dias..
     Cinco dias!
     Tempo para uma massagem..
     Tempo para ver a novela.
     Tempo para receber aquela sua amiga que é consultora de produtos de beleza.
     Tempo para fazer um trabalho voluntário.
     Tempo para procurar um abajur novo para seu quarto.
     Tempo para conhecer outras pessoas.
     Voltar a estudar.
     Tempo para escrever um livro que você nem sabe se um dia será editado.
     Tempo, principalmente, para descobrir que você pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
     Porque nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto ou pela quantidade de memorandos virtuais que atolam nossa caixa postal.
     Existir, a que será que se destina?
     Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
     A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem.
     Precisa respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si.
     Se o trabalho é um pedação de sua vida, ótimo!
     Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
     Mulher que se sustenta fica muito mais sexy e muito mais livre para ir e vir. Desde que lembre de separar alguns bons momentos da semana para usufruir essa independência, senão é escravidão, a mesma que nos mantinha trancafiadas em casa, espiando a vida pela janela.
     Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
     Mas, se você precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isso, francamente, está precisando rever seus valores.
     E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousadinha rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e nos dar uma nova perspectiva sobre o que é,
afinal, uma vida interessante'

     Martha Medeiros - Jornalista e escritora

domingo, 21 de julho de 2013

O que você faria...

E o que é preciso ser feito?


Fotos: Site
Tanto tempo longe daqui... por vezes, pensei que queria postar e analisar alguns assuntos e, os posts no blog sempre me ajudam nesse sentido. Mas, esses pensamentos não se concretizaram e isso sempre tem seu por que.

Mas, recentemente, ouvindo a música abaixo, o pensamento fluiu e fluiu bem! Não foi sem seu por que, claro! 
Estava vivenciando situações que já me cutucavam questões a esse respeito.

Com isso, coloquei-me inteira na dedicação de escutar, com alma e olhos, essa música. 

Meu amor, o que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria.
Ia manter sua agenda de almoço, hora, apatia ou 

esperar os seus amigos na sua sala vazia?
Meu amor, o que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria.
Corria pr'um shooping center ou para uma academia?
Prá se esquecer que não dá tempo, o tempo que já se perdia.
Meu amor, o que você faria se só te restasse esse dia?
Se o mundo fosse acabar, me diz o que você faria.
Andava pelado na chuva? Corria no meio da rua? 

Entrava de roupa no mar? Trepava sem camisinha?
Meu amor, o que você faria? O que você faria?
Abria a porta do hospício? Trancava da delegacia?
Dinamitava o meu carro, parava o tráfego e ria?

(Detalhe: Não sei se a música é do Lenine, com o nome de O Que Você Faria 
ou se é do Paulinho Moska, com o nome O Último Dia. Fonte: Letras)

Me diz, meu amor? O que você faria se, ao olhar aquela cena, soubesse que só te resta esse dia?
Você discutiria com a mesma ênfase, mesmo rancor, com a mesma raiva? Você agiria da mesma forma?
Se eu te dissesse que você só tem mais essa chance de ser fotografado com essa pessoa especial, você se preocuparia tanto assim com seu cabelo ou com a ausência do seu batom? Com a luz, com a roupa? Ou capricharia no abraço, sentiria aquele momento de forma especial como se fosse único?

Deixa eu te falar aqui no meio: aquele momento É único!!

Me diz, meu amor? O que você faria se eu te dissesse que essa é a sua última tarde com essas pessoas. Amanhã, quando você quiser, já não estarãos mais aqui. Isso aqui, já não mais existirá. Restará só saudade. Me diga: O que você faria? Questão de postar no Feici onde você está, com quem você está, e a foto do momento, ou se deixaria envolver pelas pessoas, pelas piadinhas possivelmente sem graça e das quais você não entende nem o princípio, pelos cheiros, barulhos, por aquilo que você sempre vê e já sabe e por aquilo que você nunca vê e não sabia ainda?

E me diga ainda, o que você faria se soubesse que aquilo que você guarda, de forma tão velada e preciosa, teria hoje como a última chance de ser revelado. O que você faria? Diria? Guardaria?


E depois? O que nos resta? O que nos sobra? Só a saudade? O arrependimento? A mágoa? A vontade de pedir desculpas mas pouca condição de dizer, de assumir, de encarar? Sobra a foto e falta a pessoa? Falta o momento? Falta o abraço? Sobra sensações de vazio...


O que você faria se pudesse repensar isso tudo? Essas relações superficiais ou levadas demais à forra?

Onde você mora é melhor, a árvore é mais florida, o trânsito é mais pesado, seu óculos são mais leves, seu salário é mais alto, você lucrou mais, pagou mais barato, chegou mais cedo, se deu melhor, entrou primeiro, pegou a melhor vaga, furou o semáforo, sofreu menos, chorou mais, sentiu muito... E daí? E daí??

O que, de fato, importa? O que, de fato, é mais valioso?

Onde foi que instalamos essa competição entre nós? Porque deixamos de relatar com função nele (relato) mesmo, e passamos a competir com nossos amigos, familiares, com a nossa sombra? Se onde você mora é melhor, que ótimo! Ficarei feliz junto com você e por você. Se a situação foi melhor para você, que maravilha. Vamos contempla-la juntos. Mas, não estamos competindo!!

O que falaria mais alto?

É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar para pensar, na verdade, não há! É preciso viver o hoje como se não houvesse mais condição de fazer diferente. Porque, na verdade, não há. É preciso viver esse momento com o foco nas relações. Estamos sofrendo por solidões e por estarmos distantes, estando próximos.

Se aproxime do que é seu. Se aproxime de forma inteira.






  







E se só te restasse esse dia, ao final dele, você teria a sensação de que viveu como se ele fosse mesmo o último?

Pensando...

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Você tem fome de que?

Pensando e repensando na relação que as pessoas (EU!) tem com a comida, percebi que não há uma regra geral.

Em se tratando de comer, qual a relação estabelecida?

De existência, de subsistência, de transferência, de desconto, de troca, de posse, de escape. Seria essa, seja qual for, uma relação linear ou linearmente invertida?
 
Algumas pessoas comem, outras se alimentam, outras se nutrem, se abastecem, se empanturram, nem percebem, etc.

Algumas pessoas precisam, dependem, não percebem, interessam-se...
 
Há pessoas que se alimentam de comida. Outras depositam ou transferem sentimentos para a comida. Como é isso?!

Em algumas situações, pouco claras, devo dizer, temos (EU, de novo!) fome de pizza, de chocolate, de sushi, de camarão. Às vezes, temos sede. Sede de água, de vinho, de coca-cola, de suco.

Como isso funciona? Quando temos fome de brigadeiro, o que isso significa?
Foto: Fonte.

Isso é um desejo, uma projeção, um emparelhamento, uma fuga, um padrão... O que é isso? Que 'fome' é essa?

Fazendo uma análise, vê-se o comportamento de alimentar-se representando, na nossa cultura, um lugar de destaque. Algo além da verdadeira necessidade nutricional para a sobreviver. A comida é entendida e assume a função de fonte de prazer. Assim ela é selecionada para estar presente em diversos momentos, como comemorações, datas marcantes, lembranças. Dos mais simples aos mais complexos, como festinhas, casamentos, inaugurações, pausas. Até em velório! 

Comemorações...

E você? Tem fome de que?

E você...? O que fez?

Então é assim.
Você me cobra, me exige, pensa por mim. Você entende que pode estender as suas próprias cobranças e expectativas.

Essa cobrança existe. Ainda que velada. Há, então, sempre a esperança de que se comporte assim, ou assado, que se diga o que querem ouvir, ou que se esteja aqui ou acolá.

Fácil, né? Só que não!
- Você não vai ficar?
- Você já vai?
- Você não gosta?
- Você não me ligou!
- Você sumiu!
- Você não vem?
- Você não me disse!
- Você não sabe?
- Você comprou?
- Você...

E nessas perguntas, o que se vê? A projeção de um e o engaiolar do outro.



E, uma pergunta que li me frita as ideias: Se eu estou em falta com você, imagina comigo? Ou seria: se estou em falta comigo, imagina com você?

O que fazer...?