terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Você tem fome de que?

Pensando e repensando na relação que as pessoas (EU!) tem com a comida, percebi que não há uma regra geral.

Em se tratando de comer, qual a relação estabelecida?

De existência, de subsistência, de transferência, de desconto, de troca, de posse, de escape. Seria essa, seja qual for, uma relação linear ou linearmente invertida?
 
Algumas pessoas comem, outras se alimentam, outras se nutrem, se abastecem, se empanturram, nem percebem, etc.

Algumas pessoas precisam, dependem, não percebem, interessam-se...
 
Há pessoas que se alimentam de comida. Outras depositam ou transferem sentimentos para a comida. Como é isso?!

Em algumas situações, pouco claras, devo dizer, temos (EU, de novo!) fome de pizza, de chocolate, de sushi, de camarão. Às vezes, temos sede. Sede de água, de vinho, de coca-cola, de suco.

Como isso funciona? Quando temos fome de brigadeiro, o que isso significa?
Foto: Fonte.

Isso é um desejo, uma projeção, um emparelhamento, uma fuga, um padrão... O que é isso? Que 'fome' é essa?

Fazendo uma análise, vê-se o comportamento de alimentar-se representando, na nossa cultura, um lugar de destaque. Algo além da verdadeira necessidade nutricional para a sobreviver. A comida é entendida e assume a função de fonte de prazer. Assim ela é selecionada para estar presente em diversos momentos, como comemorações, datas marcantes, lembranças. Dos mais simples aos mais complexos, como festinhas, casamentos, inaugurações, pausas. Até em velório! 

Comemorações...

E você? Tem fome de que?

E você...? O que fez?

Então é assim.
Você me cobra, me exige, pensa por mim. Você entende que pode estender as suas próprias cobranças e expectativas.

Essa cobrança existe. Ainda que velada. Há, então, sempre a esperança de que se comporte assim, ou assado, que se diga o que querem ouvir, ou que se esteja aqui ou acolá.

Fácil, né? Só que não!
- Você não vai ficar?
- Você já vai?
- Você não gosta?
- Você não me ligou!
- Você sumiu!
- Você não vem?
- Você não me disse!
- Você não sabe?
- Você comprou?
- Você...

E nessas perguntas, o que se vê? A projeção de um e o engaiolar do outro.



E, uma pergunta que li me frita as ideias: Se eu estou em falta com você, imagina comigo? Ou seria: se estou em falta comigo, imagina com você?

O que fazer...?